terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Sobre o jornalismo "bafiento" de António Orlando

António Orlando é jornalista. Começou, creio, na Rádio Marcoense, aquilo não correu bem (não sei porquê, mas presumo), mudou-se para a Rádio Clube de Penafiel, foi correspondente para a região do Tâmega n'O Comércio do Porto, depois passou para o Jornal de Notícias, creio que continua na RCP e, por tudo isso, escreve notícias sobre o Marco. António Orlando é da Pontinha, Marco de Canaveses. É um mal-amado pelos marcuenses ou, pelo menos, por alguns marcoenses, ou o contrário, não sei bem. Lembro-me bem como conheci António Orlando: foi uma noite, no Trenó, era 2001 e eu dirigi-me a ele para me apresentar. Eu, candidato à Câmara, ele jornalista, que me diziam ser homem de esquerda e não sei se é. Nunca falei com ele sobre o assunto, porque isso não tem nada a ver com a coisa. Para mim, António Orlando era jornalista. Isso bastava-me. Eu queria conhecer o jornalista António Orlando, do Marco e queria que ele soubesse quem eu era. Depois disso, falei quatro ou cinco vezes com ele, sempre conversas rápidas, excepto uma mais longa no Triplex, encontro casual.

E por que é mal-amado António Orlando pelos marcoenses-marcuenses? Por um lado, porque é jornalista; por outro, porque é jornalista nascido na Pontinha. As duas coisas juntas, para marcoenses-macuenses pouco avisados e um bocado elitistas, é um bocado explosiva, como é explosiva para os ignorantes invejosos. A coisa seria menos grave se António Orlando fosse jornalista, mas não fosse da Pontinha e sem pedigree. Mas é. Como eu sou de Soalhães. Eu tenho a vantagem de ser filho de pedreiro convertido em industrial medalhado e, por isso, a coisa compõe-se e vão-me tolerando, e tolerou-se quando eu fui jornalista (não tratava de coisas regionais, é certo), mesmo quando ainda custa, mas é incontornável, e se não me tolerassem mandava-os à merda, devagarinho, mas com as letras todas, explicando que ninguém tem um direito natural (ou dinástico) sobre a terra.

Se AO não fosse da Pontinha e tivesse pedigree, por certo não leria as coisas inenarráveis que se escrevem sobre ele pelas coisas que escreve. Confesso: nem sempre concordo com o ângulo de abordagem das notícias de AO. Mas isso faz parte da função - é a objectividade possível. E há uma coisa que me agrada em AO: já o vi fustigado pelo antigo regime, já o vi fustigado pela maioria que manda na Câmara e já o vi fustigado pelo PS. É bom, para um jornalista, quando toda a "clientela" rosna. E também já ouvi, por todos eles, que as suas notícias são de "encomenda". Volta a rosnar a "clientela". Não sabem eles - nenhuns deles - do que falam. E, aí, está o cerne da questão. António Orlando faz o que é notícia. No caso concreto da eleição nos bombeiros, fez a notícia muito bem - não podia ser outra. Pelos mesmos motivos, quando jornalista, tive processos-crime por todos os lados. Dos lado em conflito, num dossier concreto. Também não agradei a ninguém. Essa é a minha grande medalha. Não se preocupe, pois, AO, quando lhe atribuem actos de "jornalismo bafiento". Essa pode ser também a sua medalha.

(Sei que, para as cabeças mal-pensantes, não contribuí para lhe "lavar" a imagem. Mas não era isso o que pretendia. Você não precisa. E essa é a sua grande arma. Mas também sei que não vai levar a mal que o tenha feito. V. não me deve nenhum favor. Eu também não lhe devo nenhum. E vai ser sempre assim. Um destes dias, voltamos ao Triplex - ou a outro sítio - e explicamos melhor um ao outro. Sem falarmos sobre o Marco, claro).

1 comentário:

JaimeFTeixeira disse...

Nada tenho contra o Orlando e tambem o conheço há muitos anos. Ainda bem que o jornalismo sensacionalista tem um adepto no CR!
Gosto de distinguir o escritor da coisa escrita, por isso continuo amigo dele e seu, mas nada me impedirá de dar a minha opinião, seja quem for o afectado. Sou assim...