quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O meu demagogo preferido e a causa dos santos


"Apesar de ter 52 anos sou uma pessoa ingénua", disse Lindorfo Costa, ontem, em tribunal, em resposta à acusação de 15 crimes de abuso de poder por pedir dinheiro - 1,7 milhões de euros - emprestado às empresas a quem a autarquia pagava, tudo "com base na amizade" e sem qualquer tipo de "esquema".
Enquanto isto, Avelino Ferreira Torres aguarda que marquem julgamento por vários crimes, que vão da corrupção ao peculato. Tudo normal. Nenhum problema. O que diz Avelino: "Não estou nada preocupado porque há pelo menos duas justiças que funcionam, a divina e a de Fafe". Mas esclarece que, apesar de invocar a justiça de Fafe, tradicionalmente associada à resolução de conflitos à paulada, acredita mais na justiça divina.
Presumo que o tribunal esteja com dificuldades para julgar um "inimputável" e um "santo". Mais que não seja, porque estamos numa terra de "anjos", onde os protagonistas políticos e os fazedores de opinião se calam.
Foi este silêncio de anos que gerou "ingénuos" e "santos" no Marco. E será este silêncio que os vai perpetuar. Porque eles são inteligentes. E corajosos. E os demónios são poucos.
Que seja o que Deus quiser. Que eu não tenciono fazer de "Cristo" nesta questão. Não tenho esse dever. Já dei. Agora, é a vez de outros.
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2 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Como modesto protagonista político, não me calo. Já aqui disse que, na sessão de Setembro da Assembleia Municipal, intervim nesse órgão para instar Lindorfo Costa a suspender o seu mandato de deputado municipal até trânsito em julgado da sentença relativa a estes 15 crimes de abuso de poder. Para própria defesa dos órgãos autárquicos e da relação destes com os eleitores.
Contudo, não gosto de misturar a justiça com a política e, por isso, nunca discutirei assuntos que estão ser julgados pelos tribunais. Mas é claro que tiro as minhas conclusões e que, naturalmente, vão de encontro ao que sempre pensei da gestão e da teia de interesses que se construiu em torno dos executivos liderados por Ferreira Torres. Politicamente, cada vez tenho mais razões para concluir que a governação CDS-PP foi um caos organizado em prejuízo do Marco e dos marcoenses ao longo de 23 anos.
E a nossa terra, julgo eu, não pode ser complacente com quem nos deixou esta herança e com quem conviveu bem com essa gestão.

o sibilo da serpente disse...

Eu sei que o fizeste e contabilizo isso a teu crédito. E claro que não se deve misturar a política com a justiça. Melhor: a política não deve influenciar a justiça.
Mas há ilações a tirar. Mas isso levava-nos longe. E não me apetece fazer o trabalho dos outros.