quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Por que voto em Rui Cunha

Confirma-se: há duas listas candidatas aos órgãos locais do PSD, na eleição da próxima sexta-feira. Rui Cunha, por um lado, José Cruz, por outro. Que desde já fique claro: vou votar na lista de Rui Cunha, cuja candidatura, aliás, subscrevi, muito antes de ser conhecida a alternativa. E afirmo-o num momento em que - dizem-me - qualquer resultado é possível.

Escolho Rui Cunha por razões várias. Em primeiro lugar, porque sei que tem feito um esforço para unificar o PSD local; em segundo lugar, porque sei o quanto é difícil ser líder partidário quando o partido em causa está no poder ao nível local.

Daí que, numa reunião do Conselho Consultivo do PSD-Marco, há mais de um ano, eu tenha avisado Manuel Moreira que o sucesso do PSD passava não pela Comissão Política, mas pela imagem que o executivo municipal tivesse junto dos marcoenses. Pouco dado a ouvir conselhos - e em particular os meus -, Manuel Moreira não ligou muito ao aviso. Preferiu afastar-se das pessoas em quem podia confiar, começou a ver adversários onde eles não existiam, julgou-os concorrentes ao lugar apenas porque não concordavam com a forma como em alguns casos tem gerido a autarquia e, pelo caminho, perdeu de vista que, em silêncio, havia quem fosse urdindo uma teia para a conquista do poder.

Mas a razão principal por que voto em Rui Cunha é esta: Manuel Moreira merecia levar um abanão. Uma eventual vitória do segmento liderado pelos irmãos Cruz e seus aliados de sempre trará dificuldades à sua recandidatura, tanto mais que, como é sabido, esteve com Marques Mendes contra Luis Filipe Menezes, circunstância que os seus adversários internos não deixarão de explorar. Mas confesso também que prefiro que Manuel Moreira não apanhe o tal abanão, do que assistir ao regresso dos irmão Cruz ao poder no PSD local.

Acreditem que esta minha posição já não tem nada a ver com as malandrices que o PSD de 2001 me fez, enquanto candidato à Câmara e, depois disso, enquanto vereador. Já esqueci. O que eu não perco de vista é que esse PSD significa um grave passo atrás no clima político que o Marco tem vindo a conquistar. Será o regresso da confusão política entre PSD e o "torrismo", será o jogo de cinturas pelas conveniências pessoais - um verdadeiro regresso ao passado.

E, no fim, pode ser que, mesmo sem a vitória dos irmãos Cruz, Manuel Moreira tenha aprendido alguma coisa sobre o Marco. E sobre os seus próprios fantasmas.
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