A explicação que José Carlos Pereira nos deve
Este post não é sobre se o nome de Avelino Ferreira Torres deve ou não ser removido do estádio municipal. Nem mesmo sobre se o nome do autarca deve ou não ser removido de ruas, praças, e edifícios espalhados um pouco por todo o concelho. Isso é outra conversa. E poderemos tê-la um dias destes.
Este post é sobre a atitude do meu amigo José Carlos Pereira, deputado municipal independente, eleito nas listas do PS, em quem votei, como, na altura própria, revelei publicamente.
Com toda a clareza, impõe-se que clarifique: JCP é o melhor deputado municipal da actual Assembleia. Tem um pensamento estruturado, tem calo político, é combativo, é frontal e, sobretudo, estuda bem as matérias em discussão. E é por tudo isto me espanta que, sexta-feira passada, tenha optado por abandonar a sala quando se votou a proposta - apresentada pelo PS - para a remoção do nome de AFT do estádio municipal. Aliás, espantou-me a mim, e a muitas outras pessoas. Mas, nesse caso, estou em vantagem: a mim, já se explicou. Concordo com parte dos argumentos e discordo da maioria. Importa, agora, que se explique aos demais eleitores.
Não vou, obviamente, relatar aqui o que JCP me disse sobre o assunto. Foi uma conversa privada. Leio, todavia, que a notícia do JN sobre o assunto (um pouco abaixo), alude às divergência políticas entre Artur Melo - promotor da proposta - e JCP e o vereador socialista Luís Almeida. Não andaremos, por isso, muito longe se se disser que o atitude de JCP é uma consequência directa dessas divergências e, provavelmente, do processo que a proposta seguiu até ser apresentada.
A ser assim, gostava que assim não fosse. Preferia que o prestigiado deputado municipal tivesse votado e votado conforme a sua consciência, independentemente de concordar ou não com o processo que levou à apresentação da proposta. Ou, então, se achava que tinha motivos para não votar, que os tivesse explicado logo ali.
JCP fez o pior que podia ter feito: ao sair da sala sem qualquer explicação, colocou a cabeça a jeito para todas as especulações, até as mais disparatadas. Gostaria, por isso, que o meu amigo JCP esclarecesse rapidamente este assunto.
3 comentários:
Como já te disse, terei todo o gosto em explicar aqui as minhas razões após a reunião da Assembleia Municipal de amanhã à noite. O que é também um meu dever para com os eleitores.
Pessoalmente aguardo com expectativa.
NP
Tal como tinha aqui anunciado, junto a declaração que foi lida, a meu pedido, no início da reunião de ontem à noite da Assembleia Municipal. É tudo quanto pretendo dizer sobre o facto de me ter ausentado da sala no momento da votação de uma proposta de mudança de nome do Estádio do município. Não me parece que deva trazer para o domínio público avaliações de comportamento pessoal e político, e até de carácter, que enquadraram a minha atitude.
“Na última reunião ordinária, realizada no passado dia 28 de Setembro, ausentei-me da sala no momento da votação de uma proposta sobre o nome do Estádio do município. Tratou-se naturalmente de um gesto deliberado, mas que procurei assumir com a maior discrição possível.
No entanto, como esse facto deu azo a interpretações nos órgãos de comunicação social e pode ter causado dúvidas no espírito de algumas pessoas, devo esclarecer o plenário e os marcoenses em geral que a minha ausência da sala se deveu, em primeiro lugar, ao facto de essa proposta do Grupo Municipal do PS ser do meu inteiro desconhecimento. Com efeito, apesar da mesma ter sido pré-anunciada nos jornais, não me foi permitido discutir a proposta ou sequer tomar conhecimento do respectivo teor. Nessas condições, julgo que todos compreenderão os fundamentos da minha atitude.
Por outro lado, não tenho duas caras nem duas palavras. Em Dezembro de 2005, redigi uma proposta, subscrita pelos membros do Grupo Municipal do PS e apresentada pelo seu actual líder, na qual se propunha “a criação de uma Comissão Municipal de Toponímia, com o objectivo de proceder a uma revisão geral da toponímia municipal e dos topónimos dos equipamentos municipais e definir os princípios gerais que vão determinar a escolha de novos nomes para o futuro.” Dizia-se então que, apesar de se tratar de uma competência da Câmara Municipal, o Grupo Municipal do PS entendia “que a toponímia do concelho deve ser um elemento consensual e agregador e retratar o reconhecimento generalizado dos marcoenses em relação a determinadas personalidades e entidades, deixando de estar subordinada a vontades e interesses particulares. À semelhança do que acontece em outros municípios, este órgão consultivo deve ser composto por personalidades de reconhecido mérito na vida do concelho, indicadas pelos partidos com assento nos órgãos autárquicos.”
Esta posição foi reafirmada numa minha intervenção no período de antes da Ordem do Dia da sessão de 29 de Junho último e nunca mereceu quaisquer reparos no seio do Grupo Municipal a que pertenço. Por esse facto, não tendo as propriedades de um cata-vento, não poderia ter agora uma posição diferente da que sempre defendi, contribuindo ainda por cima para sujeitar a Assembleia Municipal a fazer uma votação sem qualquer poder vinculativo.
Não me revejo, nesta matéria, em deliberações conjunturais, tomadas a pensar em casos concretos e individualizados. Aliás, por que razão a Câmara substituiria o nome do estádio do município e deixaria intacta a designação de algumas ruas e avenidas, do pavilhão desportivo, do auditório municipal e de outros equipamentos do concelho?
Julgo que as pessoas que acompanham a minha acção política sabem que jamais defenderia a atribuição do nome de certas personalidades a quaisquer arruamentos ou equipamentos municipais. Por isso, apresentei no mandato anterior, com outros deputados, declarações de voto em oposição a que fossem incluídos nos roteiros toponímicos do concelho os nomes de personalidades que se encontravam ainda no desempenho de cargos públicos e em plena actividade, dizendo que a consagração do nome de uma personalidade no roteiro toponímico deve ser, pelo contrário, a homenagem a uma carreira terminada e amplamente reconhecida pelas populações.
Continuo a pensar da mesma forma e contribuirei, naquilo que me for possível, para que a autarquia adopte princípios gerais em matéria de toponímia que permitam construir consensos e corrigir deliberações tomadas num passado recente e que não prestigiam a nossa terra.
José Carlos Pereira
Deputado independente eleito pelo PS”
Enviar um comentário