O que vale na política?
Digo isto muitas vezes: o ciclo de Avelino Ferreira Torres acabou (pelo menos por enquanto), mas isso não basta para que o Marco tenha mudado tanto quanto devia - é que os marcoenses, esses - entre os quais me incluo - continuam a ser os mesmos. E há ainda muitos tiques de antigamente que perduram. Não esperava que tudo mudasse rapidamente, porque é preciso não esquecermos que foi um ciclo longo. Veja-se: quem hoje está na casa dos 30 anos só se recordará de um presidente da Câmara do Marco. O que me preocupa é que, muito provavelmente, as mentalidades demorarão mais uma geração a mudar. O que é muito tempo.
Foi por causa disto que eu sempre defendi que o Marco precisava de mudanças drásticas. De uma verdadeira revolução. De um safanão. De um novo começo. De um sinal forte de que nada voltaria a ser como era. E não é isso o que tem acontecido. Uns, talvez não tenham percebido a premência desse salto; outros, não estão interessados nele. E há outros: os que se habituaram a todas as cedências, seja a quem for, para se manterem à tona. E para tirarem benefícios em qualquer circunstância.
Há em todos os partidos - e no Marco com particular incidência - pessoas que se ajustam a tudo para estarem perto do poder. E há pessoas que optam por terem a mão no poder, em vez de terem o poder na mão. Porque rende mais. Porque não dá tantas dores de cabeça. Porque, bem no fundo, sabem que caminhamos num tempo em que a economia manda na política. Em que tem tem dinheiro para financiar campanhas eleitorais tem uma importância desmedida e a possibilidade de, mais tarde, vir a controlar o exercício do poder em benefício próprio.
Cabe aos políticos serem capazes de dizer não quando pressentem que os apoios que vêm daí é egoista e tem contrapartidas. É preciso saber recusar apoios quando eles significam ficar refém. É preciso ser capaz de dizer a algumas pessoas, mesmo que elas valham votos nas disputas internas dos partidos ou votos numa qualquer freguesia, que não os queremos por perto. É claro que quem pensa assim arrisca-se a não ir muito longe na política. Mas é claro que quem pensa assim é muito mais livre e feliz. Porque a política não é tudo na vida. Nem sequer o mais importante.
P.S.: Qualquer ligação que possam estabelecer entre o que aqui escrevo e o postal de baixo não é mera especulação.
1 comentário:
Caro CR
O que vale na política?
Vale (quase) tudo, infelizmente...
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