segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Andam distraídos

Parece que houve uma espécie de manifestação, com cartazes e tudo, junto a casa de Avelino Ferreira Torres para que o senhor salvasse o Futebol Clube do Marco da sua mais do que certa agonia. Contam-me que foi uma manifestação curta de gentes, que o senhor nem chegou a aparecer, mas, leio agora na edição online do jornal A Verdade, que a mensagem passou. Foi o que disse Jorge Sousa, homem que tem sido uma lança de AFT no FCM e, ao que me dizem, também tem as suas lanças por lá, depois de ter deixado o clube formalmente.
Entendamo-nos: eu sempre fui contra um Futebol Clube do Marco que vivia acima das suas possibilidades. Sempre fui contra o verdadeiro poço sem fundo de dinheiros públicos que garantia, artificialmente, a presença nos campeonatos profissionais, mesmo quando era certo que dali não vinha qualquer retorno para o concelho. Sempre fui contra o facto de o FCM ser usado como arma de combate político. Sempre fui contra o facto de o FCM ser um megalomania que esquecia a formação de atletas. E sempre olhei o FCM com desconfiança, porque sempre suspeitei que ali aconteciam coisas estranhas com dinheiros que eram dos marcoenses. E sempre achei que o FCM acabava por ser uma má bandeira para o concelho, precisamente porque era usado pelos maus motivos.
Mesmo assim, acho que o anunciado fim do FCM é um mau sinal.
E isto por várias razões.
Em primeiro lugar, porque é um fim de uma colectividade com história e que devia ser preservada, porque é de todos nós. Não necessariamente nos escalões profissionais - pode ser nos distritais, pode ser uma coisa de gente da terra, num formato que, seguramente, leva mais pessoas ao estádio do que numa qualquer Liga de Honra.
Em segundo lugar, porque o FCM pode desempenhar uma importante função formadora dos jovens locais, levando-os a praticar desporto em vez de outras coisas certamente menos interessantes.
Por tudo isto, entendo que a Câmara Municipal devia ter estado mais atenta a este problema. Presumo que os actuais responsáveis autárquicos não queiram ficar associados a uma estreita ligação ao FCM, por causa do problemas que estas ligações acarretam e das suspeitas que por aí andam. Mas também entendo que o corte não devia ter sido tão radical.
Sobra um problema: se o FCM acabar, o actual executivo municipal será visto como aquele que gerou o fim da colectividade. Os mais esclarecidos sabem que não foi assim. Mas os demais, acharão que é assim. Ora, sabendo-se que a mensagem passou, não me espanta nada que, em Fevereiro de 2008 - é nessa data, não é? -, o senhor AFT apareça por aí com um novo clube, sucessor do FCM e, novamente, arma de arremesso na conquista do poder.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro CR do FCM pouco ou nada resta... A única solução realista é a extinção do clube e a criação de uma outro tendo como base a formação que incida nos jovens do nosso concelho. Esta é a opinião de um, que até já foi associado do clube, mas que deixou de pagar quotas para não pactuar com o 'status quo'. Quanto ao resto não acredito em 'providencialismos' transfigurados...
NP

António Santana disse...

Caro Dr. Coutinho Ribeiro,

Como pode perfeitamente testemunhar , através dos escritos deixados no blog marcohoje, sou dos que preferem um novo projecto, baseado no jovens do concelho. O actual Presidente da Câmara Municipal tem tudo para ser o criador desse novo projecto. Acaba o protocolo existente com o FCM e incentiva a criação de um novo projecto com quem celebra novo protocolo. Evita o regresso do "Sebastião" Ferreira Torres e contribui para uma nova forma de fazer desporto no Marco. Vamos ver é se demonstra essa coragem...

Célio Soares disse...

Parece meus caros que as vozes das gentes de Soalhães, ou pelo menos algumas delas, vão sendo lidas neste blog "fora de portas".
Seja benvindo António Santana.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro Santana, fomos contemporâneos no FC Marco - tu nos juniores e eu na primeira equipa de juvenis do clube. Nessa altura, as tardes de domingo na Tapadinha também serviam para ver os nossos amigos da terra na equipa principal do FCM - tu, o Barão, o Cristiano, o Albano, entre outros. Com o tempo, tudo isso se perdeu e o clube seguiu por maus caminhos. Por isso, nunca me tornei sócio do FCM, apesar de ter tido alguns amigos e familiares em cargos dirigentes. Ao novo estádio, terei ido ver o FCM não mais do que duas ou três vezes. Desde que me envolvi na actividade autárquica, pude ter acesso a documentos que me elucidaram sobre o que foi o verdadeiro desgoverno no FCM e a relação tortuosa entre a Câmara Municipal (com o dinheiro de todos os marcoenses) e o clube.
A Câmara Municipal, independentemente de quem está a exercer o poder em cada momento, não pode ficar refém dos dirigentes do clube, quaisquer que eles sejam, nem pode ter mais simpatia por esta ou aquela equipa dirigente.
O clube, como qualquer outra entidade associativa, é dos sócios e estes é que têm de decidir o seu futuro. A Câmara Municipal deve estabelecer um quadro regulador do apoio com as diferentes agremiações e ser escrupulosa no relacionamento com as mesmas.
Se houver lugar a um novo projecto, isso decorrerá do facto de haver pessoas que o querem corporizar. Em meu entender, não pode ser a autarquia a incentivar a criação da nóvel instituição. A sociedade civil é que tem de dar provas e merecer, depois, o eventual apoio da Câmara Municipal. No futebol, como no hóquei em patins, no andebol, na patinagem artística ou em qualquer outra modalidade. Não devemos misturar o poder político com as dinâmicas sociais, desportivas ou culturais que devem emanar da sociedade civil marcoense.
Santana, isto daria pano para mangas, mas quis deixar-te aqui a minha posição de princípio sobre esta matéria.
Um abraço