A história da ruptura no PS-Marco
Quando, há dias, aqui, abordei a questão do clima de guerrilha no PS-Marco, eu já previa este resultado: a Comissão Política Concelhia, liderada por Artur Melo, decidiu retirar a confiança política ao vereador socialista Luís Almeida (ver notícia abaixo).
O conflito entre estas duas figuras remonta já ao tempo da preparação das candidaturas autárquicas de 2005. Cruzada a informação, conclui-se que o então líder do PS-Porto, Francisco Assis, terá gerido o caso do Marco de forma pouco hábil, impondo praticamente o nome de Luís Almeida como candidato, sem levar em linha de conta a opinião dos que, na altura, eram as faces visíveis do PS do Marco: Nuno Lameiras e Artur Melo.
Nuno Lameiras - talvez porque já fosse essa a sua intenção - praticamente afastou-se das lides políticas. Mesmo assim, apareceu em algumas actividades da campanha de 2005. Tal como Artur Melo. Mas facilmente se verificou - eu pude ver - que nem Lameiras e Melo o faziam com entusiasmo, nem Almeida os acolheu com particular cortesia.
Meses depois, a tensão agudizava-se. Animado pelo mau resultado autárquico, Artur Melo decidiu avançar para a liderança do PS-Marco, que era ocupada por Luís Almeida. Melo achou que era chegada a sua hora. Almeida talvez devesse não ter avançado. Melo ganhou, com o apoio do sempre presente José Neves, de Alpendorada, que sempre teva a fama e o proveito de controlar o aparelho local. Não era difícil prever que o conflito iria entrar em escalada.
A primeira baixa viria a registar-se pouco depois. O nosso conterrâneo José Carlos Pereira, que tinha assumido, como independente, a candidatura do PS à Assembleia Municipal e que, entretanto, cimentara a sua ligação a Almeida, colocou o seu lugar de líder do grupo do PS na AM à disposição de Melo, que aproveitou para o deixar cair. Grande erro de Artur Melo! JCP era e é, muito justamente, considerado o melhor deputado da Assembleia Municipal. E, logo aí, Melo não foi eficaz na gestão da escolha de um novo líder parlamentar que, fosse quem fosse, seria sempre uma sucessão de recurso.
Enquanto isto, Artur Melo dedicou grande parte do seu tempo, desde que foi eleito, a tentar marcar a agenda política. Algumas vezes bem, outras nem tanto. Mas, para o que aqui interessa, um dado ficou claro: não havia o mínimo de coordenação entre as posições da Concelhia e as posições assumidas nos órgãos autárquicos por Almeida (na CM) e Pereira (na AM). Melo esgrimia a sua legitimidade de líder do PS; os dois autarcas, a legitimidade dos votos nas autárquicas. Melo queria uma oposição mais activa ao PSD; os dois autarcas têm optado por uma oposição mais suave. Enquanto isto, muito legitimamente, o PSD e Manuel Moreira foram cavalgando a existência de dois PS no Marco.
O golpe final aconteceu há cerca de duas semanas. A convite de Francisco Assis, Luís Almeida, José Carlos Pereira e mais algumas pessoas mais próximas, deslocaram-se a Bruxelas. Artur Melo entendeu a viagem, que passou à margem da Concelhia, como uma afronta, tanto mais que Assis, para além de deputado europeu, é dirigente distrital do PS. Melo terá manifestado o seu protesto através de um fax considerado muito duro e que Almeida considerou conter um ataque pessoal inadmissível. Na semana passada, Melo, numa reunião do PS-Porto, anunciou o que iria fazer. Esta segunda-feira, o Secretariado concelhio aprovou a sua proposta de retirar a confiança política ao vereador, o que, no entanto, não implica que Almeida não possa continuar a exercer as suas funções.
Resta saber quais serão os efeitos desta ruptura a prazo. É sabido que Artur Melo quer ser o próximo candidato do PS à Câmara do Marco. Mas também é certo que, antes disso, terá de ganhar as eleições internas do PS. Nada esta assegurado.
Certo é que as divisões no PS-Marco extravasaram já a questão política para se transfomarem numa questão pessoal. O que é pena, sobretudo quando para trás fica uma grande amizade.
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6 comentários:
Obrigado, NP, pela imagem.
Vamos ver se Cristina Vieira, que é membro da Concelhia do PS e próxima de Artur Melo, nos conta aqui a sua versão dos acontecimentos.
ah, claro que se os principais envolvidos na ruptura também quiserem dar aqui a sua opinião, também serão bem-vindos, não é, NP?
Claro que serão todos bem-vindos, assim queiram participar...
Acho que a Cristina terá algo a dizer, de certeza...
Aguardemos.
Passei à pouco pelo Blog Marco Hoje e achei 'curioso' que até agora ninguém se tenha pronunciado sobre o caso...
O destaque vai para a Visita do Secretariado Distrital da JS ao nosso Concelho...
Discutivel, no minimo...
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