sexta-feira, 15 de junho de 2007

Uma sugestão para o Ladário


Nasci no Ladário e passei boa parte dos meus dias de menino um pouco mais abaixo, na loja do meu avô João Coutinho, paredes-meias com o «Bairro». Na loja do meu avô, nas férias, ajudava os meus tios a aviar os fregueses, comia uns rebuçaditos, lia o jornal e os livros e fazia corridas de contra-relógio com o meu irmão, à vez, entre o fundo do «Bairro» e a loja, sob a cronometragem rigorosa do meu tio António.

Depois, fui viver para a «Rua». Pode parecer que não, mas entre um e o outro local, tão perto um do outro, havia uma enorme distância, que decorria da falta de casas de permeio. E, pouco-a-pouco, deixei de ser do Ladário e o «Bairro» tornou-se mais distante.

Depois, já não sei quando, a «Tapada» deixou de ser a «Tapada» e passou a ser o Campo de Futebol. Mesmo em frente ao «Bairro». Nenhum mal por isso. O que foi mesmo mau, foi aquele horroroso muro que ali foi construído para proteger o campo de futebol e que tornou o «Bairro» ainda mais deprimente. Para quem ali vivia e para quem ali passava. Aquele muro tapou a vista que havia para o lado de Paredes de Viadores, vista bonita como voltamos a saber agora, quando acedemos a Soalhães pela via-rápida. E o «Bairro» tornou-se cada vez mais um gueto.

Já há tempos falei com a nossa presidente da Junta, a Drª Cristina Vieira, e sugeri-lhe que era preciso fazer alguma coisa pela parte baixa do Ladário. E ela pareceu-me aberta à ideia. Não sei quais as condicionantes que existem, nem os proprietários a quem é preciso pedir colaboração. Mas tudo é possível.

E o que é possível? Acabar com o «Bairro», que não tem quaisquer condições de habitabilidade e, aliás, está praticamente desabitado. Mudar o campo de futebol para outro lado, o que, de resto, já esteve previsto. Demolir aquele muro. Construir uma praça nos terrenos que que ficam disponíveis. Uma praça grande, onde se construam casas casas bonitas, com uma magnífica vista para os montes do outro lado, o que hoje é mais fácil porque a estrada já só praticamente serve o trânsito local. É assim que se acaba com o que de Soalhães não interessa e se constrói Soalhães que interessa.

Empenhemo-nos na sugestão, se a acharem boa. E, a partir de hoje, ela deixou de ser minha para passar a ser de todos os que a vejam boa.
.

2 comentários:

G.R. disse...

Uma bela ideia, sem dúvida!
Uma requalificação urbanística de qualidade, feita com cabeça e isenta das pressões do lóbi do betão, poderia ser uma solução muito interessante para um local que, devido a contingências várias, poucos têm a percepção de como é (ou melhor, de como poderia ser) bonito.
Abraço!

Anónimo disse...

A ideia é boa sem dúvida...
Mas parece que as prioridades do poder local não estão para aí viradas, por todas as condicionantes e mais alguma!
Cumprimentos.