Futebol Clube Marco: Um clube com história ou um clube que passou à história?

Na edição nº 130 do jornal “A Verdade”, datada de 15 de Fevereiro de 1989, o saudoso Dr. Artur de Melo e Castro, na sua coluna denominada “A História do Futebol Clube do Marco”, publicou uma circular do clube datada de Outubro de 1950.
Numa altura em que o futuro do Futebol Clube do Marco, clube fundado em 1927, continuar a ser uma incógnita, resolvi repescar a já citada circular.

FUTEBOL CLUBE DO MARCO

CIRCULAR

Presado consócio:

Tem a nossa primeira colectividade desportiva estado em maré de desfortuna, mercê de várias circunstâncias, que fizeram com que nos últimos anos tenha vivido, apenas, do amparo de meia dúzia de boas vontades.
Assim, a uma época de prestígio que o Clube viveu, sucedeu uma de declínio, surgiu o desinteresse e veio, finalmente a inactividade que fez com que o grupo de futebol baixasse de categoria e fosse quase ao desaparecimento, o que se verificou, graças à fé clubista de alguns desportistas de são desportivismo.
Ora, para o bairrismo dos marcoenses, que têm orgulho no que lhes pertence, tal estado de coisas não se podia manter. O Desporto dos tempos áureos, tinha de ressurgir.
Foi dentro deste princípio, já, que, direcções anteriores, iniciaram uma série de melhoramentos, sendo firmada uma obra no nosso parque de jogos, que muito o beneficiou.
Mas era preciso continuar, ir mais além na obra de restauração.
Assim, o compreendeu a nova Direcção do Clube, que meteu mãos à tarefa da reconstrução. Tarefa árdua, pois a orgânica do Clube têm de sofrer uma transformação radical, com a remodelação das equipas existentes, criação de novas categorias como a de juniores, instrução de uma escola de jogadores onde funciona um curso de ginástica, etc.etc.
Assim se espera reconduzir a colectividade à altura de a tornar o orgulho e deleite espiritual da sua família desportiva, preparando-a para mais largos empreendimentos do que aqueles a que têm sido destinada.
Mas o Clube é pobre. Existe um deficit. É necessário capital.
E para já, enquanto não se pode contar com as recitas das bilheteiras, sempre diminutas em desafios com clubes pequenos, temos de recorrer, quase exclusivamente, aos sócios, que são a alma do Clube.
A Direcção do Futebol Clube do Marco, Clube que tem a honra de contar V.Exa. no número dos sócios, pede-lhe que não o desampare e, portanto, lhe preste o seu apoio nesta hora de ressurgimento, continuando a ser um amigo no seio da massa desportiva da nossa colectividade.
É só da conjugação do esforço de nós todos, que amanhã pode sair uma força que dentro do Desporto Nacional nos prestigie e honre o bom da nossa terra.
Vamos proceder à cobrança das cotas, algumas das quais se encontram num atraso considerável. Pedimos a V.Exa., caso isso seja possível, e para nos evitar despesas de cobrança, que liquide as suas perante o empregado do café Palladium, que é possuidor do livro de recibos.
Caso isso não lhe seja possível, tomaremos a liberdade de proceder directamente à cobrança.

Com a mais alta estima e consideração, subscrevemo-nos, atenciosamente.

Marco de Canaveses, Outubro de 1950.

PELA DIRECÇÃO

ARTUR DE MELO E CASTRO

(Presidente)

O Futebol Clube do Marco entrou em coma profundo. Contudo, se, tal como há 58 anos, ainda existirem marcoenses bairristas e com orgulho no que lhes pertence, o Clube talvez ainda possa despertar para uma nova vida.
A questão fica no ar:
O Futebol Clube do Marco já passou à história ou, tal como em 1950, o clube ainda poderá estar a tempo de ser restaurado e reconstruído?