Nuno Araújo, Paulo Serra, Nelson Soares, Hugo Minhoto e André Queirós. Foram estes os nomes que no ano 2000 pegaram nos “restos” do Agrupamento Musical Nova Era da Casa do Povo de Soalhães. Foi difícil é certo, ninguém imagina, ninguém mesmo, só quem viveu por dentro esta realidade. Decidi escrever sobre este tema, porque ainda hoje quase ninguém imagina a nossa história. Decidi escrever porque existem pessoas de Soalhães que conhecem outras histórias sobre nós… falsas, corruptas e que não descrevem a realidade dos factos. Não vou conseguir explicar tudo, apenas alguns aspectos que magoaram quem conduzia realmente este grupo. As coisas boas que vivemos enquanto grupo por agora ficam por cá, talvez um dia partilhe… São histórias para a vida… pelo menos para a nossa.
Posso começar por agradecer ao Sr. Ilídio (mais conhecido entre nós por Ilídio sapateiro) pelo apoio que nos deu. Pessoa humilde e determinada que nos deu de imediato a sua mão quando o confrontamos com um pedido para sermos o grupo da Casa do Povo. Relembro que nesse momento o Nova Era estava activo, daí começarmos com o nome “6º 100tido”… Foram os nossos 16anos a falar eh eh eh… Mas pronto, por motivos de rendimentos económicos e já com um novo presidente da CPS (o Sr. Santos, a quem também agradeço desde já), os elementos do Nova Era saíram, e nós tomamos a “rédea do cavalo”. Estava atingido o primeiro objectivo. Éramos a principal referência musical de Soalhães… mas não em Soalhães.
Posso dizer que naquela altura, a marca Nova Era estava desgastada no mercado. Mesmo desgastada. Nem o passado glorioso do Agrupamento Musical Nova Era conseguia ajudar. Começou então uma luta suada, agora como Banda Nova Era… suada mas que passados uns dois anos trouxe frutos. Muita estrada, muitos ensaios, muita música, boa música, nossa música, muitos espectáculos pelo norte e centro do país e acima de tudo… muita qualidade… sendo honesto. Fomos referenciados como a melhor banda da nossa região… mas não em Soalhães.
Vieram os grandes espectáculos em palcos partilhados com Toy, Costa Verde, Costa Rica, e por fim Tony Carreira… Durante estes anos passaram muitos músicos e ajudantes pelo grupo. Agradeço a todos eles: João Silva, Hugo Minhoto, Né Morais, Paulo Cabral, Carlos Alberto, Hélio Serra, Ricardo Pereira, Nelson Pereira, Susana Correia, Carla Andrade, Cláudia Pereira, Joana Monteiro e Bruno Monteiro. Não sei se me esqueci de alguém mas a hora não é propícia, peço desculpa.
Com este crescimento da banda, que passou alheio a Soalhães, foi necessário um investimento em material. Na época foi um bom investimento, mas que hoje admito ter sido o nosso maior erro. Uma pessoa cresce e começa a pensar melhor, hoje não fazia o mesmo. Foi o momento em que começaram os problemas e depois foi sempre em queda livre…
Esta será a parte das críticas… Posso dizer que me sinto magoado com muita gente que passou por esta banda… magoado a nível profissional, mas a nível pessoal amigos na mesma (até me dou muito bem com alguns deles). Passo a esclarecer que me sinto magoado por nos terem abandonado no momento mais delicado da nossa curta carreira. ABANDONARAM-NOS, é esta a palavra. Não falo nos motivos que os levaram a tal atitude, para mim não há justificação… Quem nunca nos abandonou foi grande parte da população de Soalhães, não nos abandonou porque também NUNCA NOS ACOLHEU. Sempre fomos considerados como os “moços da banda”. Para pedirem favores e material emprestado para as suas festarolas, toda a gente sabia onde ir… “vamos aos moços!”… porquê? Porque nós cedíamos sempre de bom grado. Mas então e o inverso? Porque é que éramos banda para acompanhar grandes nomes da música nacional e não o éramos para umas simples festas de S. Martinho, em SOALHÃES? (é apenas um pequeno grande exemplo). Será que não servimos? Foi triste mas real… contam-se pelos dedos as pessoas que nos apoiaram VERDADEIRAMENTE. Soalhães não nos deu o valor que merecíamos, e nós passamos a tratar a nossa própria terra como uma qualquer terra do país… Teve que ser… As pessoas saturam-se com o exagero.
Em relação ao que o povo fala e falou sobre nós, eu passo a explicar alguns pontos para que se acabem as dúvidas:
O investimento que fizemos foi com o acordo de todos os elementos, sem EXCEPÇÃO, sendo essa responsabilidade de TODOS os envolvidos;
Os elementos da banda apesar de novos tiveram sempre muita RESPONSABILIDADE e PROFISSIONALISMO no que fizeram;
Nunca fomos “vadios”, simplesmente tentamos DIVULGAR o nome de Soalhães pelo país;
Todas as decisões e relações Banda Nova Era / Casa do Povo de Soalhães foram sempre consentidas pela direcção e/ou assembleia-geral da CPS;
Nenhum dos elementos que saíram da banda foi expulso. Um projecto destes precisou simplesmente de pessoas que GOSTASSEM, SONHASSEM e se DEDICASSEM a ele;
O facto de não termos aceite actuar na 1ª edição da Feira Cultural de Soalhães, organizada pela Junta de Freguesia de Soalhães, foi porque: Primeiro, os elementos da banda não estavam todos disponíveis; Segundo, a Banda Nova Era já tinha deixado de fazer “FRETES” para a freguesia de Soalhães…
A Banda Nova Era terminou por CONFLITOS INTERNOS entre elementos, uma vez que já não era um projecto valorizado por todos eles;
Actualmente, as responsabilidades deixadas pela Banda Nova Era, NÃO SÃO EXCLUSIVAS de Nelson Soares e Paulo Serra, mas sim de todos os que criaram essas responsabilidades.
Para bom entendedor meia palavra basta, e isso foi o que fiz…
Termino com mais agradecimentos. À pouca população de Soalhães que acreditou em nós, que nos apoiou e que um dia cantou as nossas músicas e sonhou juntamente conosco. Ao José Soares que nos deu algumas criticas bem como alguns caminhos a seguir, e que perdeu umas horas na parte da electrónica, eh eh eh. À anterior direcção da Casa do Povo que nos deu todas as facilidades e condições para crescermos, e que, algumas delas infelizmente não aproveitamos. Por último, e ao mais importante de todos, o nosso “Tio Lando”, conhecido por todos por Lando Serra. Ele que nos aturou, que nos ensinou, que nos deixou cair para depois nos termos de levantar, que nos abriu os olhos e que acima de tudo se divertiu connosco… Foi bom sentir o REAL APOIO de alguém… o meu, e o nosso muito obrigado. Só lamento não termos ido mais além...
4 comentários:
Nelson,
As experiências têm o seu tempo próprio na vida de cada um... Por vezes as experiências esgotam-se por elas mesmas, outras vezes pelos nossos erros.
O que terminou talvez seja a raiz de algo que vai surgir, nunca o sabemos e sempre o ansiamos, essa é a natureza humana.
Sobre querelas internas da Banda, nisso não me meto, pois isso é lá convosco...
Por fim, se vos chamam 'moços', pelo menos ficai a saber que sois a parte boa da mocidade, com ideias e ideais... Isso é que é importante... ´Quem caí só tem um caminho: voltar a caminhar... Boa sorte.
NP
Caro Nelson, nunca te esqueças do que noutro local deste blog já te disse : "É tropeçando que aprendemos a caminhar".
E ainda : "O passado só serve para corrigir o futuro..."
Um último conselho : "Não desistam...a caravana passa..."
Um abraço
So quem passou pela experiencia sabe o quanto custou tudo isto...
Como diz CS os caes ladram mas a caravana passa...
Nestas alturas o contentamento passa pelos momentos bons que passamos e pela maneira com que se fortaleceram relaçoes entre uns e outros.. Nunca fomos uma banda de Soalhaes pois em soalhaes eramos os "moços" mas sempre que actuamos sempre que pegamos nos instrumentos demos uma "bofetada de luva branca" nesses "velhos do restelo" existentes na nossa freguesia...
Excelente artigo que invoca o bom e o mau de uma banda que tinha tudo para ser referencia mas nao o foi em parte pelo nosso amor à terra e o perdoar sucessivamente de criticas de desdem por parte dos invejosos que nunca acreditaram que alguem como nós podia um dia ser algo que eles estavam habituados a ouvir em top+ em radios...
Foi pena mas Soalhaes nunca mereceu o esforço pela freguesia...
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