sexta-feira, 13 de julho de 2007

Parque Infantil – a necessidade de repensar…

Voltando a um tema já aqui referido por NP, relativamente à possível, e já estudada criação de um espaço de recreio activo infantil junto à rotunda no centro de Soalhães, alerto para alguns factos que podem, caso não esteja enganado, levar à necessidade de repensar a localização deste espaço. É certo que não sei quais os planos do executivo da junta de freguesia para este projecto, muito menos como decorreu o seu processo de criação, mas penso que os responsáveis por ele deviam ter atenção a alguns aspectos.
Começando por analisar a Natureza e o Ambiente do espaço escolhido pela autarquia local para a implantação deste espaço, coloca-se uma questão. Sendo este um espaço marcado pela actividade de crianças, a inexistência de vegetação adulta, cria um problema… a ausência de sombras, certo? Isto será sinónimo de uma grande exposição solar, de um espaço extremamente quente em épocas quentes (que por acaso até são as épocas de maior afluência de utentes num parque infantil), e de um possível problema para a saúde das crianças. Certamente que os pais e responsáveis das crianças utentes desse espaço não gostariam da possibilidade de colocar as suas crianças na rota das gripes e dores de cabeça.
É verdade que já existe alguma vegetação no local. Ainda numa fase muito jovem mas existe. Mas penso também que é verdade que a ideia da construção deste parque, em relação à vegetação, não seja esperar que as árvores atinjam a sua forma adulta…
Analisando outro tema, mais especificamente a protecção contra o trânsito de veículos, os espaços de jogo e recreio devem estar isolados do trânsito, restringindo-se o acesso directo entre esses espaços e vias e estacionamentos para veículos por meio de soluções técnicas eficientes, devendo ser observadas as seguintes distancias, contadas a partir do perímetro exterior do espaço até aos limites da via ou do estacionamento de, pelo menos:
  • 20m em relação às vias de distribuição local com continuidade urbana e estacionamentos, admitindo-se afastamentos mínimos até 10 m, apenas quando a velocidade dos veículos seja fisicamente limitada a valores muito reduzidos e desde que sejam previstas soluções técnicas eficientes de protecção contra o transito de veículos (Decreto-Lei n.º 379/97 de 27 de Dezembro – Artigo 7.º - Ponto 1 – Alínea b);
  • 50m em relação às restantes vias de circulação de veículos com maior intensidade de tráfego, devendo os espaços de jogo e recreio estar fisicamente separados destas vias. (Decreto-Lei n.º 379/97 de 27 de Dezembro – Artigo 7.º - Ponto 1 – Alínea c).

Por último, em relação à envolvência do local, um espaço deste tipo, na grande maioria dos casos, é colocado em zonas em que habita ou se movimenta um número justificável de crianças. Existe então a necessidade de se planear a sua localização num local de algum movimento infantil. Na zona pensada pela junta de freguesia não encontro qual a justificação (dentro deste tema) para a sua execução. As escolas mais próximas têm as suas próprias zonas de recreio, da qual as crianças, dentro do horário escolar, não devem sair (por uma questão de segurança); a população infantil habitante naquela zona é, penso eu, escassa; e, por fim, não existe qualquer tipo de condições para os pais ou responsáveis pelas crianças acompanharem a sua actividade, quer a nível de estacionamento de viaturas (porque ocupar a via de circulação não é opção), quer a nível de lazer, pois eles não vão simplesmente ficar a ver os carros passar enquanto esperam pelas suas crianças.
Como sugeriu CR no seu comentário, este parque deveria ser implantado na zona da Avenida da Igreja. Pois eu sou totalmente da mesma opinião. Aqui há sem dúvida um grande movimento de crianças: a catequese, o ATL, os eventos religiosos e as festas e feiras da freguesia. Não quero com isto dizer que todos os projectos se devem concentrar numa só área, pelo contrário, sou adepto da expansão de infra-estruturas pela freguesia. Obrigar as pessoas as circularem pela terra que é delas. Mas neste caso, e depois de analisarmos as características da área e do público-alvo deste parque, penso ser a melhor aposta. A própria dinâmica e animação do espaço seriam favorecidas.
Não quero com este artigo criticar ou desvalorizar a iniciativa da Junta de Freguesia, pois sou admirador deste tipo de projectos, quero sim, contribuir para que seja feito o melhor pela nossa freguesia. Projectos pensados e repensados, discutidos e analisados, sem precipitações...

P.S.: Se alguém quiser consultar o Decreto-Lei n.º 379/97 de 27 de Dezembro, eu posso fornecer. Trata-se do regulamento que estabelece as condições de segurança a observar na localização, implantação, concepção e organização funcional dos espaços de jogo e recreio, respectivo equipamento e superfícies de impacte.

5 comentários:

o sibilo da serpente disse...

Bom trabalho de investigação, Nelson Soares, porque as suas questões parecem-me perfeitamente pertinentes, mesmo quando é certo que, quando comentei este assunto, não estava motivado pelas mesmas questões que aqui levanta.Ou melhor: não estava habilitado tão bem como V. está.

O meu comentário foi no sentido de que um equipamento dessa natureza deve ficar num local mais sossegado e que potenciasse a revitalização humana da bonita zona que envolve a Igreja, sítio onde, penso, o tráfego não é tão intenso como junto à rotunda. Sobretudo o das motos (já aqui faladas). E isso é importante, até pelos trajectos para levar as crianças ao jardim de infância. Como se sabe, a "rua" não tem sequer passeios por onde se possa pedonar em segurança.
Faz todo o sentido a sua observação. Mas com uma ressalva: ou não estou aí e não tenho todos os dados do problema.
Prevalecerá o bom-senso.

Célio Soares disse...

Não me pronunciei antes sobre este projecto, mas quando o li, pareceu-me que o local não seria adequado, seguro e até atractivo, exactamente pela falta de de sombras, aqui mencionada, pelo Nelson. Parece-me, que a avenida será o local ideal para este projecto, até pelo facto de sempre ter sido ao longo dos tempos o local de maior concentração de crianças em lazer e ser um espaço amplamente arborizado e mais seguro. Creio que estes dados aqui deixados pelo Nelson deverão ser alvo de análise por quem de direito, pois são dados objectivos e legais para implantação destes espaços. Parbéns nelson pela pertinência da opinião.

G.R. disse...

Um “post” oportuno, muito bem fundamentado e documentado. Espero, que quem tem a difícil missão de decidir, não o faça sem antes ponderar, de forma cuidada e responsável, sobre estas questões. Contudo, na minha óptica, a segurança, das crianças e daqueles que as acompanham, deve ser o ponto nevrálgico de toda esta discussão

jcp (José Carlos Pereira) disse...

O Nélson fala aqui em legislação a propósito do projecto do parque infantil e eu aproveito para partilhar com quem ainda não conhece o site electrónio do Diário da República onde se pode ter acessso a toda a legislação publicada (http://dre.pt/gratis/historico/diplomasmenu.asp).

Anónimo disse...

Mesmo não sendo, nem de perto nem de longe, especialista na matéria já aqui expressei as minhas dúvidas quanto a esta possivel localização.
Lancei o tema porque dele tive conhecimento e em boa hora o fiz, pois a discussão está a ser feita e de forma publica...
Caro Nelson, uma opinião bem fundamentada como a que deste nunca poderá ser vista ao nivel do 'criticar por criticar'ou de 'trica' partidária, se alguém o entender assim está com um enorme preconceito à partida. Mas não creio que assim seja.
Cumprimentos
NP